A noite em que o Natal tremeu.

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Boas Festas!

Era véspera de Natal 
E na Praça quase deserta
Só restava a luz
De uma loja ainda aberta 

Como era tradição 
seria a última a fechar 
para que ninguém ficasse
com as mãos a abanar 

O Jerónimo, seu dono 
tinha tudo bem pensado 
Se faltasse algum presente
ali seria encontrado

A sua família em casa 
Já sabia o que esperar 
Jerónimo chegaria 
Mesmo em cima do jantar 

Depois de tudo atendido 
E com tudo já tratado 
Jerónimo sentiu 
Um rumor inesperado.

Um estrépito repentino 
Um som que vinha do chão 
Mais forte e mais forte ainda
A tornar-se um turbilhão

Os vidros da sua montra 
Começaram a ranger 
Como se o frio lá de fora 
Os fizesse tremer

Do interior das paredes 
Sentia-se um esboroar
Pó e pedras e pedrinhas 
Numa chuva sem parar

O grande candeeiro 
Baloiçou suspenso
E a luz deu lugar 
A um escuro intenso 

O mundo sacudia 
Estalava e estremecia 
E das altas prateleiras 
Toda a loja caía 

Entre um safanão e outro 
Tombava tudo por terra 
E Jerónimo sentia-se 
Na mais violenta guerra

Pensou na sua família 
“Estarão debaixo da mesa?”
Correu para a rua, sem ar 
E sem nenhuma certeza 

Passou pelo meio da Praça 
E nas casas em redor 
Viu que a destruição
Ia de mal a pior

Subitamente sentiu 
Um aperto no coração 
Uma mulher e duas crianças
Vinham na sua direção 

Jerónimo, disse a mulher, 
Estavas muito demorado 
Trouxemos-te o teu presente... 
Está um pouco amachucado 

E assim se fecha então 
Um conto feito poema 
O Natal é inabalável 
Por muito que a terra trema 

Boas Festas, do Quake.